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Empresas da economia “gig”, os legisladores devem colocar os trabalhadores da economia sob demanda em pé de igualdade

Notícias 22 Feb 2021

Um regulamento pelos direitos dos trabalhadores sendo considerado na União Europeia e por tribunais no Reino Unido tem o potencial de colocar milhões de trabalhadores e trabalhadoras da economia sob demanda (gig economy) em pé de igualdade em toda a Europa.

Como a federação sindical global que representa quase 20 milhões de trabalhadores  em transportes, sabemos que se as empresas da economia sob demanda não reconhecerem seus trabalhadores e trabalhadoras como empregados verdadeiros, eles continuarão expostos a condições de trabalho mais exploradoras e a terem seus direitos reduzidos no trabalho.

Esta semana, acolhemos a decisão do Tribunal de Recursos dos Países Baixos que reconheceu que o pessoal da Deliveroo são empregados. Apesar das tentativas das empresas da economia sob demanda de classificar erroneamente seus trabalhadores e trabalhadoras como terceirizados independentes, os tribunais – incluindo o Supremo Tribunal da França – estão cada vez mais reconhecendo os relacionamentos empregatícios diretos.

A iminente decisão do Supremo Tribunal do Reino Unido no caso Uber BV vs Aslam e outros é outra importante decisão que moldará o futuro das condições de trabalho dos trabalhadores e trabalhadoras em transportes de aplicativos.

Para o pessoal da economia sob demanda, as decisões significam que eles podem, finalmente, desfrutar de direitos fundamentais do trabalhador, incluindo o direito à saúde e segurança ocupacional, liberdade de associação e negociação coletiva, assim como acesso a instalações sanitárias e proteções contra violência e assédio no trabalho. Direitos que mantêm as pessoas vivas.

As decisões também significam que os trabalhadores e trabalhadoras poderão ter acesso a licença médica, licença maternidade e paternidade, pensões, previdência social e outras proteções fornecidas pelos empregadores.

É positivo que alguns empregadores da economia sob demanda, como a Just Eat e Foodora, tenham reconhecido a situação empregatícia de seu pessoal e tenham acordado com os sindicatos condições que oferecem flexibilidade e trabalho decente. Este é o futuro de uma economia que beneficia a todos.

Nós acolhemos a admissão da Uber em ‘A Better Deal for Platform Workers’ (Um acordo melhor para os trabalhadores de plataforma) de que os trabalhadores e trabalhadoras da economia sob demanda e seus representantes têm o direito de serem ouvidos, ter suas preocupações resolvidas e que os trabalhadores merecem proteções sociais iguais a de seus pares nas indústrias mais tradicionais.

Porém, o que a Uber propõe no seu relatório é uma reforma da lei que efetivamente daria aos trabalhadores marginalizados e vulneráveis padrões inferiores aos que normalmente seriam concedidos a eles se fossem empregados. Isso essencialmente não resolve a questão. As legislações trabalhistas existentes já fornecem essas proteções. A Uber mesmo pode escolher fazer a coisa certa e parar de criar relacionamentos empregatícios disfarçados com motoristas e entregadores. Um modelo de preposição 22 criado por empresas não é a resposta para a Califórnia ou para a Europa.

A Uber é só um exemplo de empresa que ainda não transformou sua retórica em ação.

Os trabalhadores e trabalhadoras da economia sob demanda não são reconhecidos como empregados pela maioria das empresas da economia sob demanda. A maioria das empresas da economia sob demanda ainda se recusam a reconhecer e negociar com os sindicatos e conseguem evitar o pagamento de impostos pagos por outros fornecedores de transportes. 

A ITF publicou 10 princípios da economia sob demanda dirigidos a empregadores e criadores de políticas para garantir que os trabalhadores da economia sob demanda não sejam esquecidos e que seus direitos humanos sejam respeitados e protegidos. Os princípios destacam as graves imperfeições de um modelo de negócios predatório que depende de despojar o pessoal de suas proteções, princípios e direitos básicos no trabalho.

Pedimos a todas as empresas da economia sob demanda que sigam o exemplo de seus pares socialmente responsáveis e reconheçam seus trabalhadores e trabalhadoras corretamente como verdadeiros empregados. É hora de as empresas da economia sob demanda saírem de trás das plataformas e reconhecerem que podem colocar seus produtos no mercado, mas não às custas do respeito e da dignidade dos trabalhadores e das comunidades que lhes dão lucro.

Crédito da foto: War on Want 

 

 

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