Skip to main content

Investigação bombástica expõe a “pandemia de exploração” dos caminhoneiros na Europa

Notícias Comunicado à imprensa 29 Jun 2020

Uma investigação da FNV-VNB, ITF e IUFE revelou que empresas de transporte rodoviário estão se aproveitando da Covid-19 para explorar ainda mais os motoristas de caminhão, reduzir o preço dos transportes, salários, condições e saúde e segurança em toda a Europa.  

O novo relatório e vídeo documentário divulgado hoje, revela que o tráfico humano está vivo entre os caminhoneiros europeus e denuncia abusos chocantes de direitos humanos à porta da União Europeia, disse o secretário-geral da ITF, Stephen Cotton. 

“Muito antes da Covid, a exploração de motoristas e abusos de direitos humanos já afligia a indústria europeia de transporte rodoviário. A pandemia exacerbou o abuso e esta investigação bombástica expôs a pandemia de exploração que ocorre nas estradas europeias,” disse Cotton.

“De forma alarmante, o tráfico humano é um problema crescente na indústria, e já documentamos vários casos de motoristas de fora da EU que foram traficados para países do Leste Europeu, assinaram contratos para trabalhar na ponta de complexas cadeias de subcontratação, e então forçados a trabalhar quase que exclusivamente na Europa Ocidental com salários baixos, documentos falsos e sem ter como sair.”

“Estes motoristas estão movimentando insumos essenciais; os alimentos que ingerimos, os medicamentos de que agora necessitamos desesperadamente, as roupas que vestimos e as mercadorias produzidas por algumas das maiores empresas do mundo. Os governos europeus e as empresas multinacionais não podem mais fechar os olhos para esta exploração,” afirmou Cotton.

https://youtu.be/apP1CDlGpd0

A investigação revelou que as empresas de transporte estão se aproveitando da ausência de verificações e controles por parte das autoridades de aplicação da lei durante a pandemia. 

Entrevistas com os motoristas revelaram as triviais práticas de exploração na indústria e outros abusos sofridos pelos motoristas resultantes da crise de Covid-19, incluindo:

  • Motoristas da Ucrânia, Bielorrússia, Uzbequistão, Turquia, Filipinas e outros países fora da UE empregados com contratos do Leste Europeu apesar de trabalharem quase que exclusivamente na Europa Ocidental.
  • Motoristas forçados a assinar contratos em idiomas que não entendem.
  • Motoristas recebendo salários fixos de 100 a 600 euros por mês em média.
  • Empregadores levando motoristas em micro-ônibus para começarem a trabalhar na Europa Ocidental.
  • Motoristas forçados a descansar, dormir, comer e viver dentro de seus veículos por meses.
  • Motoristas recebendo documentos falsos sobre sua situação empregatícia.
  • Motoristas ameaçados com violência e multas pecuniárias caso alertem as autoridades sobre o tempo de condução e de descanso, segurança, salários e outros problemas.
  • Clientes e empresas de transporte multinacionais explorando a crise de Covid-19 para reduzir os preços de transporte e o salário dos motoristas.
  • Motoristas que recebem pouco ou nenhum equipamento de proteção individual (EPI).
  • Isenções à regulamentação do tempo de condução e descanso levaram empregadores a coagir motoristas a se arriscarem trabalhando longas horas.
  • Motoristas forçados a permanecer em seus veículos sem nenhum acesso à água limpa, banheiros funcionais ou instalações sanitárias.
  • Motoristas que não recebem licença médica remunerada

O investigador líder do relatório, Edwin Atema, da FNV-VNB, condenou hoje as empresas que estão se aproveitando da pandemia de coronavírus para abusar dos direitos humanos, incluindo direitos trabalhistas, dos motoristas e clamou aos governos, empresas multinacionais e de transportes rodoviários que protejam os motoristas.

“O que temos que lembrar é que os caminhoneiros movem a economia europeia, movem mais de 75% da carga interna na UE, e são essenciais para nossa sobrevivência e recuperação pós-coronavírus. As cadeias de suprimentos são tão fortes quanto seu elo mais fraco e esta exploração é insustentável”, disse Atema.

“Famílias estão dirigindo em rodovias ao lado de caminhões de 40 toneladas conduzidos por motoristas que não tiveram descanso adequado, que estão sendo forçados a trabalhar horas excessivas, estão doentes ou são vítimas de tráfico humano. As estradas da Europa não estão seguras. Esta exploração precisa acabar agora”, disse ele

A secretária-geral da IUF, Sue Longley, disse: “Saúde e segurança na cadeia de suprimentos de alimentos e bebidas é uma questão de vida e morte para todos, principalmente durante a pandemia de Covid-19. As descobertas deste relatório mostram que nenhuma multinacional consegue garantir que suas cadeias de suprimento estejam livres de exploração, o que significa que não podem garantir que os produtos sejam transportados em segurança. Eu clamo a todas as multinacionais da indústria de alimentos e bebidas que trabalhem com a IUF, ITF e FNV-VNB para garantir que os consumidores em toda a Europa recebam produtos que tenham sido transportados em uma cadeia de suprimentos que garante a segurança e os direitos dos trabalhadores. 

O secretário de transporte interior da ITF, Noel Coard, solicitou às empresas de transporte e seus clientes, incluindo grandes multinacionais, que tomem providências e terminem com a exploração revelada na investigação.

“Ao invés de protegerem esses motoristas, empresas multinacionais não sabem ou não estão interessadas no que realmente acontece em seus transportes terceirizados. Muitos clientes multinacionais exigem preços menores e as empresas de transporte rodoviário oferecem menores salários e, como resultado, temos motoristas explorados e risco de segurança nas estradas. Isto precisa acabar,” disse Coard. 

“Não há nenhuma multinacional de transporte de mercadorias na UE que possa garantir que esses problemas não existam em sua cadeia de suprimentos, então, nossa mensagem para as empresas de transportes e seus clientes é simples: ou você faz parte da solução que acolhemos, ou parte do problema, e neste caso vamos responsabilizar você,” concluiu Coard.

FIM 

 

CONTATO: 


VNB: Edwin Atema, Investigador principal, +31 6 51610350 ou edwin.atema@fnv.nl

ITF: Luke Menzies, Diretor da Comunicações da ITF, +61 433 889 844 ou media@itf.org.uk  

 

OBSERVAÇÃO PARA OS EDITORES:

Baixe o relatório “Pandemia de exploração no transporte rodoviário europeu” (PDF): https://bit.ly/3exkhrR

Assista o documentário “A pandemia no transporte rodoviário” aqui: https://youtu.be/apP1CDlGpd0

Sobre a ITF: A Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF) é uma federação democrática de sindicatos e de âmbito mundial de quase 700 sindicatos de trabalhadores em transportes, representando cerca de 20 milhões de trabalhadores em 150 países. A ITF trabalha para melhorar as vidas de trabalhadores do mundo todo, incentivando e organizando a solidariedade internacional em sua rede de filiados. A ITF representa os interesses dos sindicatos de trabalhadores em transportes que tomam decisões que afetam empregos, condições empregatícias e segurança na indústria dos transportes.

Sobre a FNV-VNB: A fundação VNB foi fundada há 26 anos pelo Sindicato Holandês FNV. A função da VNB é pesquisar cadeias de suprimento e empresas de transportes com o objetivo de fazer cumprir os direitos trabalhistas.

Sobre a IUF: O International Union of Food, Agricultural, Hotel, Restaurant, Catering, Tobacco and Allied Workers' Associations (IUF) é uma federação internacional de sindicatos que representa trabalhadores empregados na agricultura e plantações; em preparação e fabricação de alimentos e bebidas; hotéis, restaurantes e serviços de catering; todos os estágios de processamento de tabaco. A IUF é composta de 427 sindicatos filiados em 127 países, representando mais de 10 milhões de trabalhadores.

 

Post new comment

Restricted HTML

  • Allowed HTML tags: <a href hreflang> <em> <strong> <cite> <blockquote cite> <code> <ul type> <ol start type> <li> <dl> <dt> <dd> <h2 id> <h3 id> <h4 id> <h5 id> <h6 id>
  • Lines and paragraphs break automatically.
  • Web page addresses and email addresses turn into links automatically.

EM CAMPO